O texto a seguir foi retirado do blog do Coletivo Emblema e indico o som do grupo Cabanos, rap vindo do subsolo, do Amazonas, mostrando a força do rap do Norte do país.
No passado, a Cabanagem foi uma revolta popular ocorrida na Amazônia, e dela participaram pessoas vindas das camadas mais pobres da sociedade. Tratava-se dos Cabanos – uma extensa multidão de pessoas humildes constituída por negros, índios e mestiços que moravam em cabanas e eram explorados pelas autoridades do governo. Quando todos viviam num estado de absoluta miséria: a revolta dos Cabanos era uma tentativa de modificar aquela situação de injustiça. Os Cabanos lutavam por melhoria de vida, política, social e econômica.
O estudo da revolução Cabanagem foi base para que o grupo musical de rap Cabanos tivesse sua formação em janeiro de 1999 na zona leste de Manaus. O grupo aborda em suas letras, o que a própria revolução propunha aos mais pobres da época, que era moradia, educação, dignidade e respeito entre outros objetivos. Seus integrantes são co-fundadores do Movimento Hip Hop Manaus (MHM), que desde 1994 realiza trabalhos sociais, culturais e artísticos, na periferia manauense, estendendo ideologicamente a outras cidades do Amazonas. Tendo o Movimento Hip Hop Manaus e suas ações como base, o Cabanos esteve presente em eventos importantes e celebrações na cidade.
Hoje, o Cabanos é mais que um grupo de rap ou simplesmente da Cultura Hip Hop. É uma grande família, com adeptos em toda a cidade de Manaus, - pessoas com afinidades e pensamentos em comum. O show de apresentação do grupo Cabanos é composto de músicas próprias, as letras relatam o cotidiano da periferia, expressam sentimentos, são facilmente assimiladas pelo público por causar uma identificação de fatos e linguagem. A música foi produzida pelo grupo a partir de pesquisa no Funk e Soul estadunidense da década de 1970, passando pelo rock-progressivo germânico de Amön Dul ao psicodélico escocês Donovan da década de 1960, o brasileiro Sérgio Mendes, da musicalidade expressada por artistas amazonenses como: Raízes Caboclas, música “Cantos da Floresta” sampler para “Cara Pálida”, inspirações de artistas manauenses como Chico da Silva, Aldísio Filgueiras, Antonio Pereira, Márcia Siqueira, Grupo A Gente entre outros, e várias etnias indígenas brasileiras. Também é objetivo, empenhar-se pela qualidade artística, buscar essências para que as apresentações públicas tenham uma linguagem contemporânea-regional que fuja de estereótipos. O show do Cabanos contém interferências audiovisuais (produzidas por Michelle Andrews e Marcos Tubarão), dança contemporânea (por Odacy de Oliveira e Núcleo de Artes Contemporânea do IEA). Todos devem clamar pela paz e estar certo de que a vida tem um significado amplo, e nessa simplicidade de pensamento, o Cabanos faz uso da palavra como uma arma contra a baixa estima, onde sua voz defende o ribeirinho, o pobre favelado, pessoas que moram nos alagados, palafitas e invasões. Pessoas que apesar de morarem ao entorno no maior rio do mundo, nem sempre tem água para suas necessidades.
O trabalho deu-se também pela necessidade em mostrar a importância de valorizar o aprendizado familiar e apresentá-lo como a base estrutural, promover a produção local e propiciar que as pessoas tenham orgulho em ser amazonense, caboclo, do Norte, brasileiro. As letras das músicas despertam pessoas a buscarem conhecimento, principalmente, na política, ciência, história, espiritualidade, seus direitos como cidadãos e direcioná-las para refletirem sobre o bem que podem fazer da vida. O título mostra o flertar com a arte/história, fatos verídicos do cotidiano, mostrando a intenção de contribuir com a melhoria da sociedade. Apesar do trabalho com a música ter começado há mais de 20 anos, apenas em 2004 o grupo começou a gravar seu primeiro disco intitulado “A Idéia Não Morre” – o que levou quatro anos de produção e gravações. “A Idéia Não Morre” foi realizado com próprios recursos, ajuda dos amigos Elso Correa e Márcia Siqueira proprietários da Baruk Som, Iluminação e Estúdio. O CD é uma produção independente, contém 12 faixas e uma de faixa-bônus “Todo Homem tem seu Preço”. Pode-se dizer que é um trabalho sem validade, visto que algumas letras apesar de compostas há quase 10 anos continuam atuais. “A Idéia Não Morre” não é uma proposta ficcional, são experiências vividas pelos integrantes do grupo e pessoas próximas, situações do dia-a-dia foram musicadas.
O CD “A Idéia Não Morre” é uma produção autoral do de rap grupo Cabanos e foi lançado no evento multimídia de artes integradas “Na Batida do Rap”, no Ao Mirante Espaço Cultural. “Uma história que começou há mais de 20 anos, onde vivemos o Hip Hop intensamente, promovendo-o a uma cultura de origem estadunidense em uma eficaz linguagem com a periferia da cidade de Manaus; e baseado nos objetivos que foram atingidos, podemos dizer que conceitualmente, superamos os lugares de onde originou a cultura Hip Hop” - Marcos Tubarão (co-fundador do movimento Hip Hop em Manaus, pesquisador e produtor musical, DJ e produtor cultural).
Contato: grupocabanos@gmail.com ou dj_tubarao@hotmail.com
tel (92) 9182-1453 Manaus - Amazonas ..
01 TIPO C.mp3
02 O SISTEMA QUER ISSO.mp3
03 COMO UM LOUCO.mp3
04 INTRORADIO.mp3
05 PENSAMENTOS MALDITOS.mp3
06 NA ONÇA.mp3
07 BEM VINDO AO MUNDO DA PERIFERIA.mp3
08 A IDÉIA NÃO MORRE.mp3
09 CARA PÁLIDA.mp3
10 CABANAGEM.mp3
11 REVOLTA DOS CABANOS.mp3
12 GUARDIÕES E TODO HOMEM TEM SEU PREÇO.mp3
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